terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Eu e os Crocco

Morro e não vejo tudo... cresço, aprendo e a cada dia que passa penso que nada sei.
Por conta das minhas idas e vindas pelo mundo convivo hoje com parte da família Crocco. Eles estão me ensinando a viver, e você provavelmente está se perguntando se eu do alto dos meus trinta anos ainda não sei fazer isso... justo questionamento, porém talvez a resposta seja não, eu ainda não sei. Essa família tem me dado aulas de dignidade e nobreza a cada dia que passa. Do mais novo ao mais velho vejo atitudes que de tamanha grandeza me inspiram a sentar e escrever. E eles ainda estão aprendendo assim como eu, porque a vida é um aprendizado constante, porque estou percebendo que quando pensamos que sabemos tudo é que chegamos a um ponto que começamos a aprender alguma coisa.
O tempo passa e os vejo dia a dia cada um aprendendo e ensinando a sua maneira.
ELE pensou que já tinha vivido tudo e alcançado o seu lugar na sociedade, pensou que já tinha finalizado sua busca, fantasiou que a partir de então seu papel era somente contar aos outros suas conquistas mundanas, sua vitórias materiais. Hoje ele está encontrando a si mesmo, em suas caminhadas beira mar medita e cresce, medita e entende, medita e luta, medita e aprende. Quando ele retorna me ensina a ser feliz, me ensina a rir sem vergonha, me ensina a ser dócil, me ensina a ser bela. Ele é um eterno aprendiz, mas é aí que está a beleza da vida, deixar ela te ensinar infinitamente.
ELA é uma águia em plena renovação, tornando-se cada dia mais sábia, cada dia mais forte, reconhecendo o seu papel de guerreira. Hoje suas batalhas são diferentes daquelas em que brigou toda a vida, hoje luta por si mesma e se mostra tão linda porque está encontrando seu caminho e isso ninguém poderia fazer por ela, um determinado caminho que só as adversidades da vida nos propõem. Ela conseguiu me fazer compreender que para se feliz eu preciso de muito pouco, ela me ensina todos os dias em doses homeopáticas a ser mais calma, mais paciente, mais benevolente. É uma rainha e ainda não sabe, mas qualquer dias desses ela vai descobrir.
O outro é um DUENDE, tem poderes mágicos de encantar pessoas, entretanto, ainda sabe muito pouco do que está por vir, mas ele quer aprender, quer sair da sua terra de ninguém e se aventurar, quer ver o mundo de perto, quer dar a cara pra bater, com certeza ele tem medo, mas está disposto a vivenciar o que a vida quer oferecer. Ele me motiva a continuar com os meus devaneios de ser completamente livre, ele me faz pensar que eu sou uma fada, que eu posso realizar desejos, ele me permite pensar que eu sou louca e não há nada de mau nisso, ele me faz acreditar que posso viver como eu quiser, me faz acreditar que tenho coragem pra lutar contra uma sociedade inteira pra ser quem eu sou. Ele é hoje um duende e um dia vai ser um mago que ajuda pessoas a encontrarem seus caminhos.
E eu no meio disso tudo? Eu aprendo, eu me emociono, eu realizo, eu caminho, eu esqueço, eu choro, eu brinco, eu sofro, eu bebo, eu vivo.
Me encantam as possibilidades com as quais a vida me presenteia, como novas situações, novas famílias, novos amigos, novos mestres, novos anjos.
Eu estou apaixonada pelo lugar onde estou vivendo, mas estou mais apaixonada ainda pelas pessoas que compartilham esses momentos comigo, porque eles não me conhecem, não sabem de onde eu vim e me aceitam, e me ensinam, e ajudam a driblar os momentos de solidão, e festejam comigo quando estou feliz, e fazem a minha vida se tornar válida.

...sentada a beira do caminho observo os Crocco em sua mais bela forma de família, juntos, mas cada um preservando seu mundo, preservando sua identidade, aprendendo e ensinando, rindo e chorando e gozando da alegria de viver.

Sentada a beira do caminho escrevo hoje ao som de Paz do meu amor, na voz de Seu Osvaldo Crocco...uma música muito antiga, mas até então desconhecida aos meus ouvidos que me tocou profundamente numa reunião familiar.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Ao meu eclipse oculto

Nunca me preocupei com idade, mas sei que estou envelhecendo, sei que estou me tornando mais experiente, sei que pra algumas coisas estou melhorando e piorando pra outras.
O tempo passa, a idade chega e nos deparamos com a experiência que desde muito jovens sonhamos em adquirir, a questão é que quando chegamos a esse ponto ficamos confusos pensando se realmente gostaríamos de chegar até aqui.
Ouço as pessoas dizendo que adorariam ter a cabeça de quarenta em um corpo de vinte. Concordo. Mas nada como o dia a dia pra ensinar, nada como quebrar a cara pra depois aprender, nada como trilhar o nosso próprio caminho, nada como olhar no espelho e ver que infelizmente as rugas chegam, mas com elas também a sabedoria, entretanto observo que tem gente que aprende depressa demais e tem gente que nunca aprende.
Conheci um homem que aprendeu tudo cedo demais. Ele foi criança por pouco tempo, e desse pouco tempo já não se lembra mais. Hoje ele é um homem sábio, quando falo com ele me passa segurança, é firme nas decisões, é persistente, foi moldado a ferro e fogo. Ele paga o preço dessa sabedoria, ele paga com a própria vida, ele não escolheu esse caminho, mas sabe que é o caminho que tem que seguir, sabe que não está nesse mundo à toa, sabe que não entrou em minha vida sem um propósito de Deus.
Hoje este sábio fica biologicamente mais velho, porém a cada dia seu espírito se renova porque ele tem o coração puro, porque Deus o contempla com Suas graças, porque ele ama e é amado.
Celebro hoje a vida deste homem que me faz acordar todos os dias e querer viver cada dia mais, um homem que a todo o momento me dá motivos pra seguir em frente, ele me faz acreditar que tenho valor e que posso ser tudo o que eu quiser, quando eu o conheci estava perdida, Deus o colocou em minha vida pra me ajudar encontrar o caminho de volta.
Dedico hoje minhas palavras a este homem que já me acompanha há algum tempo e faz a minha vida ter sentido, ofereço a ele o meu amor porque ele se rendeu ao meu.
Deus seja sempre contigo Raimundo Nonato.

...sentada a beira do caminho vejo pessoas comemorando aniversários, mas nem por isso se tornando mais velhas.

Sentada a beira do caminho escrevo hoje sob o sol de Toscana, para celebrar a vida do meu amor e sufocar a saudade que sinto dele.
Ciao babe.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A Mona Lisa sorri, ela está feliz?


Esta semana tivemos em Londres uma tempestade de neve tão forte, tal qual os britânicos não viam há aproximadamente vinte anos.
Eu não dou a mínima para o fato, mas diante do acontecimento me chamou a atenção ver nos olhos de um homem o mesmo brilho que se vê nos olhos das crianças quando ganham um brinquedo novo.
Foi esse brilho nos olhos que me fez trocar de roupa e largar o computador pra ir brincar na neve com o meu marido em um frio de seis graus negativos. Nós nos divertimos muito, naquele momento esqueci-me de todos os problemas, esqueci que muito já vivi e ainda não encontrei tempo pra ter um filho, esqueci que estou longe demais das pessoas que mais amo nesse mundo, esqueci que tenho contas a pagar todo mês e o planeta está em crise financeira, enfim, em questão de segundos percebi que as pessoas não precisam ser perfeitas para nos proporcionar momentos perfeitos, inesquecíveis.
Eu tenho essa mania de deixar de experimentar coisas em minha vida por preguiça, comodismo, ou mesmo por egoísmo. Sei que não deveria, sei que preciso ser mais receptiva, mas ainda tenho minhas dificuldades. Graças a Deus tenho ao meu lado alguém que sabe trazer à tona a criança dentro de mim, alguém que sabe como colocar um sorriso no meu rosto nos momentos mais inesperados.
Aflige-me o fato de pensar o quanto perdemos nessa vida pra ficar em frente aos nossos computadores, televisores e etc. Senti-me envergonhada quando notei que quase deixei meu marido sair de casa e tirar fotos de si mesmo num cenário que ele nunca viu antes, senti vergonha do meu egoísmo, senti vergonha da minha insensibilidade.
Quantas vezes em nossas vidas não prestamos atenção em detalhes, deixamos de viver momentos de alegria inenarráveis porque estávamos tão absortos em nosso mundinho particular e quando acordamos já é tarde e todo mundo já foi embora.
Tem um filme que gosto muito chamado O sorriso de Mona Lisa, onde uma das personagens em determinado momento comenta o quadro de Leonardo da Vinci que dá título ao filme, questionando se fato de a Mona Lisa estar sorrindo quer dizer que ela está realmente feliz. Conheço tantas pessoas que hoje estão sorrindo pra esconder a tristeza e a insatisfação que corrói sua alma e penso que talvez essa amargura toda pudesse ser extinta se permitíssemos um pouco mais de espaço a outras pessoas em nossas vidas.
Acredito que todos sejam agraciados com oportunidades pra tornar a vida mais agradável, acredito que todos podem sorrir com sinceridade, mas precisam de bons motivos pra isso, mas precisam se permitir sorrir, precisam reconhecer que às vezes criam barreiras que a felicidade não consegue vencer.
Eu gostaria realmente de poder passar para outras pessoas o que sinto cada vez que tenho um momento de plena felicidade, obviamente isso não é possível por osmose, sendo assim a única maneira de fazê-lo é usando minhas próprias ferramentas, corpo, mente e coração. Ultimamente tenho tentado agradar algumas pessoas não para ser aceita em um determinado círculo, não para que elas me façam algum favor em troca, tenho tentado ao máximo cuidar bem daqueles que me rodeiam e me são caros porque um sorriso verdadeiro não tem preço e isso me faz muito bem.
E você, o que em feito pra ser feliz?!!

...sentada a beira do caminho observo homens voltarem a ser criança brincando na neve, observo cada sorriso e cada olhar de satisfação, observo algumas pessoas felizes demais e outras se corroendo de inveja das que estão felizes.

Sentada a beira do caminho escrevo para aliviar minha alma, no aconchego do meu quarto, pouco antes de dormir.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

A mentira

Dentre os meus devaneios diários me peguei pensando porque o ser humano mente. Mente como se fosse a coisa mais natural desse mundo, às vezes mente tão bem que começa a acreditar na própria mentira e quando precisa revelar a verdade se confunde entre o real e o fictício.
Ele acordou e pensou que aquele deveria ser um dia diferente, diferente de toda banalidade que vinha vivendo nos últimos tempos, acordou decidido a surpreender as pessoas, acordou decidido a surpreender a si mesmo. Colocou a roupa que imaginava ser a mais bonita, almoçou em um restaurante caro, sozinho é claro, por fim chegou ao trabalho. Mas que estranho, pensou, até agora nada aconteceu, o que vou dizer aos meus amigos, o que tenho pra contar, que diferença faço no mundo? Nenhuma, deduziu.
Veio a idéia da mentira... Se nada me acontece vou ter que inventar. E começou, e se encantou e se enrolou e se contradisse, mas não deu o braço a torcer, mas não se deu por vencido, porque acreditou piamente na vida que acabara de inventar para si mesmo. Pobre existência.
Analiso o caso com profunda compaixão, analiso o caso com profunda dor, analiso o caso com profunda ojeriza, os sentimentos vão se condensando em minha mente. Seria ele mais uma vítima da sociedade ou seria ele mais uma vítima de si mesmo. Entregou-se aos encantos da mentira por não ter vida própria, ou melhor dizendo, por não se agradar do que a vida lhe ofereceu. O que a vida nos oferece? Até onde temos controle da situação? Até onde temos realmente livre arbítrio? Digo a você que optou por gozar do seu tempo livre lendo esse texto, que acredito em livre arbítrio até o âmago de sua definição.
Livre, livre para escolher, para definir meu caminho, e se sou livre a tal ponto, porque escolher a maneira mais amarga?? Vejo todos os dias pessoas se envolvendo em mentiras de maneira que nunca vão poder voltar atrás, se acorrentando de tal forma que jamais conseguirão se libertar, e me pergunto, faz-se realmente necessário?
Entendo que as escolhas nessa vida às vezes nos colocam em labirintos que em segundos nos levam a loucura por não termos a mínima idéia de como sair ou em alguns momentos não termos nem mesmo vontade de sair, não aceito que por conta das dificuldades nos entreguemos a ponto de perder a dignidade para impressionar os outros, para se sentir parte da sociedade, para se sentir gente.
Aceito que procuremos uma saída pela tangente, que saibamos driblar o orgulho, que triunfemos no final do dia, sem ter contado nem uma mentira sequer. Proponho que sejamos assumidos, seja lá o que cada um pense de si mesmo. Se for bom seremos admirados, se for ruim encontraremos devida ajuda para melhorar, porque não conheço um filho de Deus nesse mundo que não tenha pelo menos uma pessoa que o queira bem.

...sentada a beira do caminho observo as pessoas ao meu redor se afogarem em mentiras para se tornarem alguém amado, para se tornarem alguém admirado ou simplesmente para se tornarem alguém, me fere o coração estas pessoas imaginarem que o amor custa tão caro, me fere o coração estas pessoas encararem a vida de forma tão cruel, me fere o coração contemplar cada queda ao fim do dia...

Sentada a beira do caminho escrevo para aliviar minha alma, hoje ao som de Damien Rice.
Cheers Darling...