sábado, 25 de abril de 2009

Obras de arte da vida


David Hockney é um artista de Pop Art britânico que nasceu em Bradford, no interior da Inglaterra. Começou a se descobrir como pintor aos onze anos de idade. Assumiu desde cedo sua homossexualidade, mas não se limitou a viver dentro da comunidade gay. Por conta de seus trabalhos de desenho foi aceito no Royal College of Art em Londres com vinte e dois anos de idade. A imagem acima é um de seus mais famosos trabalhos. (Mr & Mrs Clark, pintado em 1970)

“Quando cheguei a Londres era um simples rapaz da província que pensava – No Royal College são todos com certeza muito bons. Mas ao fim da primeira semana e depois de ver o que os outros faziam já pensava: Eu sou capaz de fazer coisas tão boas quanto eles, que afinal não são tão bons, alguns sim, mas… Rapidamente se ganha confiança. Devo dizer que o fato de toda essa gente rir com a minha pronúncia, não me afetava. Mas se eu pintasse como eles, não me atreveria a troçar da pronúncia de ninguém.”
(David Hockney)

Conheci a obra de Hockney em uma exposição em que visitei, no Museum of Fine Arts em Boston há alguns anos atrás, a convite do meu amigo Ron. Recordo com freqüência este momento pelo quanto me emocionei naquele dia.
Este amigo querido é um fã incondicional da obra de David Hockney e foi presenteado com dois convites para a exposição, estendendo a mim a honra de acompanhá-lo. Confesso que num primeiro momento fiquei um pouco indecisa, pois não conheço nada de arte e pensei que me sentiria perdida num evento assim, mas acabei cedendo por achar que seria indelicado recusar.
A exposição apresentava pinturas de retratos de pessoas do convívio do autor. Gostei muito, nunca imaginei que ficaria tão impressionada com obras de arte, pois não tenho inclinação alguma pra coisa. Foi adorável. Obviamente eu não compreendia as peculiaridades técnicas do trabalho, mas foram imagens e cores que me tocaram profundamente.
Além de ficar atônita com a exposição, também fiquei encantada com a arquitetura do museu. É um prédio imponente, com salas gigantescas e obras maravilhosas, em cada sala que passava eu tinha a impressão de estar em um outro país, em um outro mundo, em um outro tempo.
E para completar, fizemos o passeio com duas pessoas extremamente atenciosas, que fizeram questão de nos proporcionar momentos inesquecíveis. Infelizmente, uma dessas pessoas recentemente deixou este plano. Esta notícia com certeza me deixou muito triste, entretanto ressaltou em minha mente e no meu coração a importância de aproveitarmos cada segundo de atenção que as pessoas nos dispensam, valorizar cada oportunidade que temos para usufruir de momentos e situações simples que, dependendo com quem compartilhamos, podem se tornar tão especiais.
É por tudo isso que a obra de David Hockney se tornou tão interessante pra mim. Pela oportunidade de ser feliz, que me foi oferecida naquele dia, por pessoas que não me conheciam tão bem, mas que quiseram compartilhar comigo um momento que para elas era muito importante.

...sentada a beira do caminho passei dias sem escrever, por estar envolta em um turbilhão de emoções, devido às surpresas com as quais de tempos em tempos sou abençoada.

Sentada a beira do caminho relembro coisas boas e sinto saudades de pessoas, algumas ainda posso reencontrar, outras não mais. Fica a gratidão e a saudade, hoje ao som de Carla Bruni.

domingo, 5 de abril de 2009

Deus salve Michelle Obama!!

A que ponto chegou o ser humano.
O fato de Michelle Obama ter abraçado a Rainha Elizabeth, no encontro do G20 em Londres, causou repercussão e parece ter sido tão comentado quanto o motivo pelo qual se deu a reunião.
Em primeiro lugar, li várias matérias a respeito, e em todas elas dizia-se que a rainha tocou primeiro as costas da primeira dama americana, e que esta somente correspondeu ao gesto, como fariam muitos de nós.
É nessa situação que nos encontramos atualmente? Abraçar uma pessoa a quem queremos bem é uma quebra de protocolo? Sei que muitos podem contestar minhas palavras dizendo que esse alguém era a rainha do Reino Unido. Para mim não muda nada, por que não se pode abraçar a rainha? Não entendo, foge da minha capacidade de raciocínio lógico, entendo o fato de tornar-se necessária a proteção de uma pessoa que ocupa um cargo importante, mas uma vez que as pessoas que se encontravam reunidas naquela ocasião, foram todos formalmente e cuidadosamente convidados, não consigo enxergar o risco. A mulher é uma rainha, não um ser iluminado que deve ficar fora do alcance dos seres humanos. Até mesmo Jesus Cristo permitia ser tocado.
Com certeza tenho muitas outras coisas com o que me preocupar, mas esse assunto mexeu comigo, é por conta de idéias como essa que as pessoas acabam se trancando em casa, confinadas em sua solidão ou procurando um número de telefone do CVV pra ligar. Hoje existem pessoas morrendo de fome, de doenças incuráveis, comunidades inteiras sendo devastadas por guerras, mas há também inúmeras pessoas morrendo de solidão, de depressão. Algumas se matam, outras simplesmente murcham, como as flores sem água, até morrer.
Você lembra a última vez que abraçou alguém? Eu me lembro, porque valorizo demais o toque, porque tenho necessidade de contato físico com as pessoas que me rodeiam, toco quando falo, quando escuto, toco e quero ser tocada, porque um abraço tanto pode ser uma comemoração quanto um lenitivo para minha dor, em qualquer ocasião cabe muito bem.
Obviamente há pessoas que parecem não gostar de serem tocadas, mas duvido que essa reação não seja proveniente de algum tipo de trauma. Um abraço pode dizer muita coisa, pode trazer a tona muitas lembranças. Talvez justamente pelo fato de saberem o quanto vale o toque, procuram evitar em autodefesa, não querem criar laços, com medo de sofrer se algum dia se afastarem daquela pessoa, que já lhe fez muito bem.
Serei breve hoje, precisava somente postar minha indignação em relação ao fato de os seres humanos estarem se tornando tão egoístas, a ponto de não se permitirem mais o contato físico. Qual é o próximo passo em direção ao caos?!

...sentada a beira do caminho ouço o hino do Reino Unido, dizendo Deus salve a rainha... Hoje eu diria, Deus salve Michelle Obama!!

Sentada a beira do caminho observo pessoas aumentando a distância entre si, criando barreiras, criando protocolos para se tornarem alguém importante, se esquecendo que essa vida não tem valor , se não amarmos e formos amados.