domingo, 27 de fevereiro de 2011

Lorenzo e eu

Hoje tenho um filho. Depois de algum tempo decidi tentar escrever novamente. Estou agora aqui na frente do pc porque permiti que ele dormisse na casa da minha mãe, como já aconteceu outras vezes, porém hoje não consigo dormir, sinto falta dele, um vazio enorme toma conta de mim, sinto como se estivesse literalmente me faltando um pedaço. Nossos laços estão se estreitando a cada segundo, tenho vivido emoções indescritíveis todos os dias na aventura de ser mãe. Meu Lorenzo me ocupa, me diverte, me esgota, me alivia, ele me ama e eu o amo...com todas a minhas forças...creio que o educo, porém é ele que me ensina todos os dias a ser uma pessoa melhor.
...graças ao meu Lorenzo hoje não tenho mais tempo pra ficar sentada a beira do caminho, não posso mais ficar somente observando as situações e pessoas. Sinto começar uma nova fase, deixei de ser filha para passar a ser mãe, é da minha natureza querer viver emoções intensas e fui abençoada com a maior delas, conceber e criar um ser humano fruto de amor verdadeiro. Graças a Deus. Hoje ao som de Zucchero (She's my baby).

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

sábado, 25 de abril de 2009

Obras de arte da vida


David Hockney é um artista de Pop Art britânico que nasceu em Bradford, no interior da Inglaterra. Começou a se descobrir como pintor aos onze anos de idade. Assumiu desde cedo sua homossexualidade, mas não se limitou a viver dentro da comunidade gay. Por conta de seus trabalhos de desenho foi aceito no Royal College of Art em Londres com vinte e dois anos de idade. A imagem acima é um de seus mais famosos trabalhos. (Mr & Mrs Clark, pintado em 1970)

“Quando cheguei a Londres era um simples rapaz da província que pensava – No Royal College são todos com certeza muito bons. Mas ao fim da primeira semana e depois de ver o que os outros faziam já pensava: Eu sou capaz de fazer coisas tão boas quanto eles, que afinal não são tão bons, alguns sim, mas… Rapidamente se ganha confiança. Devo dizer que o fato de toda essa gente rir com a minha pronúncia, não me afetava. Mas se eu pintasse como eles, não me atreveria a troçar da pronúncia de ninguém.”
(David Hockney)

Conheci a obra de Hockney em uma exposição em que visitei, no Museum of Fine Arts em Boston há alguns anos atrás, a convite do meu amigo Ron. Recordo com freqüência este momento pelo quanto me emocionei naquele dia.
Este amigo querido é um fã incondicional da obra de David Hockney e foi presenteado com dois convites para a exposição, estendendo a mim a honra de acompanhá-lo. Confesso que num primeiro momento fiquei um pouco indecisa, pois não conheço nada de arte e pensei que me sentiria perdida num evento assim, mas acabei cedendo por achar que seria indelicado recusar.
A exposição apresentava pinturas de retratos de pessoas do convívio do autor. Gostei muito, nunca imaginei que ficaria tão impressionada com obras de arte, pois não tenho inclinação alguma pra coisa. Foi adorável. Obviamente eu não compreendia as peculiaridades técnicas do trabalho, mas foram imagens e cores que me tocaram profundamente.
Além de ficar atônita com a exposição, também fiquei encantada com a arquitetura do museu. É um prédio imponente, com salas gigantescas e obras maravilhosas, em cada sala que passava eu tinha a impressão de estar em um outro país, em um outro mundo, em um outro tempo.
E para completar, fizemos o passeio com duas pessoas extremamente atenciosas, que fizeram questão de nos proporcionar momentos inesquecíveis. Infelizmente, uma dessas pessoas recentemente deixou este plano. Esta notícia com certeza me deixou muito triste, entretanto ressaltou em minha mente e no meu coração a importância de aproveitarmos cada segundo de atenção que as pessoas nos dispensam, valorizar cada oportunidade que temos para usufruir de momentos e situações simples que, dependendo com quem compartilhamos, podem se tornar tão especiais.
É por tudo isso que a obra de David Hockney se tornou tão interessante pra mim. Pela oportunidade de ser feliz, que me foi oferecida naquele dia, por pessoas que não me conheciam tão bem, mas que quiseram compartilhar comigo um momento que para elas era muito importante.

...sentada a beira do caminho passei dias sem escrever, por estar envolta em um turbilhão de emoções, devido às surpresas com as quais de tempos em tempos sou abençoada.

Sentada a beira do caminho relembro coisas boas e sinto saudades de pessoas, algumas ainda posso reencontrar, outras não mais. Fica a gratidão e a saudade, hoje ao som de Carla Bruni.

domingo, 5 de abril de 2009

Deus salve Michelle Obama!!

A que ponto chegou o ser humano.
O fato de Michelle Obama ter abraçado a Rainha Elizabeth, no encontro do G20 em Londres, causou repercussão e parece ter sido tão comentado quanto o motivo pelo qual se deu a reunião.
Em primeiro lugar, li várias matérias a respeito, e em todas elas dizia-se que a rainha tocou primeiro as costas da primeira dama americana, e que esta somente correspondeu ao gesto, como fariam muitos de nós.
É nessa situação que nos encontramos atualmente? Abraçar uma pessoa a quem queremos bem é uma quebra de protocolo? Sei que muitos podem contestar minhas palavras dizendo que esse alguém era a rainha do Reino Unido. Para mim não muda nada, por que não se pode abraçar a rainha? Não entendo, foge da minha capacidade de raciocínio lógico, entendo o fato de tornar-se necessária a proteção de uma pessoa que ocupa um cargo importante, mas uma vez que as pessoas que se encontravam reunidas naquela ocasião, foram todos formalmente e cuidadosamente convidados, não consigo enxergar o risco. A mulher é uma rainha, não um ser iluminado que deve ficar fora do alcance dos seres humanos. Até mesmo Jesus Cristo permitia ser tocado.
Com certeza tenho muitas outras coisas com o que me preocupar, mas esse assunto mexeu comigo, é por conta de idéias como essa que as pessoas acabam se trancando em casa, confinadas em sua solidão ou procurando um número de telefone do CVV pra ligar. Hoje existem pessoas morrendo de fome, de doenças incuráveis, comunidades inteiras sendo devastadas por guerras, mas há também inúmeras pessoas morrendo de solidão, de depressão. Algumas se matam, outras simplesmente murcham, como as flores sem água, até morrer.
Você lembra a última vez que abraçou alguém? Eu me lembro, porque valorizo demais o toque, porque tenho necessidade de contato físico com as pessoas que me rodeiam, toco quando falo, quando escuto, toco e quero ser tocada, porque um abraço tanto pode ser uma comemoração quanto um lenitivo para minha dor, em qualquer ocasião cabe muito bem.
Obviamente há pessoas que parecem não gostar de serem tocadas, mas duvido que essa reação não seja proveniente de algum tipo de trauma. Um abraço pode dizer muita coisa, pode trazer a tona muitas lembranças. Talvez justamente pelo fato de saberem o quanto vale o toque, procuram evitar em autodefesa, não querem criar laços, com medo de sofrer se algum dia se afastarem daquela pessoa, que já lhe fez muito bem.
Serei breve hoje, precisava somente postar minha indignação em relação ao fato de os seres humanos estarem se tornando tão egoístas, a ponto de não se permitirem mais o contato físico. Qual é o próximo passo em direção ao caos?!

...sentada a beira do caminho ouço o hino do Reino Unido, dizendo Deus salve a rainha... Hoje eu diria, Deus salve Michelle Obama!!

Sentada a beira do caminho observo pessoas aumentando a distância entre si, criando barreiras, criando protocolos para se tornarem alguém importante, se esquecendo que essa vida não tem valor , se não amarmos e formos amados.

sábado, 14 de março de 2009

A vida ensina

Encontro-me atualmente sozinha, em um lugar que ainda não conhecia. Quando digo sozinha, é porque estou longe de todos aqueles que geralmente fazem parte da minha vida, do meu dia-a-dia, mas tenho agora novos amigos, mas tenho agora eu mesma como companhia.
Como tenho muito tempo disponível, venho refletindo sobre minha trajetória de vida desde que deixei a casa de meus pais, pensando sobre o que eu queria naquela época, pensando sobre meus sonhos, sobre meus desapontamentos e sobre minhas conquistas desde então.
Percebi que mudei o meu ponto de vista sobre muitas coisas, percebi que os sonhos mudaram, percebi que alguns objetivos mudaram e tantas outras coisas... É como já disse Camões “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”.
Diria que estou passando por um processo de auto conhecimento, um processo doloroso, porém interessante, na realidade, um momento fantástico.
O auto conhecimento é, em minha opinião, um estado alfa, é uma sensação quase surreal, é quando você começa a se libertar das amarras que a sociedade lhe impôs, é quando você começa enxergar seu verdadeiro eu, com medo, às vezes com vergonha, mas com vontade, muita vontade de compreender e alcançar o que lhe faz feliz.
Nessa fase é quando você restabelece seus sonhos, só seus, de mais ninguém. É quando você realmente começa a decidir seu futuro, é quando você aprende a andar com as próprias pernas, é quando descobre o caminho da Sua felicidade, porém isso não quer dizer que será fácil alcançá-la.
Eu tenho vivido de êxtase em êxtase com minhas descobertas pessoais, não que elas sejam sempre boas, mas são verdadeiras, são minhas, ninguém me disse se é certo ou errado, ninguém escolheu pra mim.
Tenho refletido muito sobre o que me faz feliz e cheguei a algumas constatações.
Sorrisos verdadeiros me fazem feliz, escrever me faz feliz, amar e ser amada me faz feliz.
Conversas com pessoas inteligentes me embriagam completamente, me dão prazer, logo me fazem feliz.
Gosto de experimentar sabores e odores que despertam em mim sensações diferentes, isso me faz feliz.
Muitas coisas que o dinheiro pode comprar também me deixam feliz, porém apreciar outros seres humanos me encanta mais.
Compreendi que tem muitas coisas que, embora eu goste de fazer, nem sempre me deixam feliz. Quanto a isso luto contra como posso, e como não posso muito, conto com a ajuda divina.
Eu nunca acreditei que alguém pode ser feliz o tempo todo, é por isso que vivo numa busca intensa dos meus momentos de felicidade e cada vez que me encontro em um desses momentos, me entrego de corpo e alma tentando estendê-lo ao máximo possível.
Hoje eu ando sonhando de um jeito que nunca me permiti antes, mas agora eu sei que tenho que trabalhar duro pra tornar meus sonhos reais, isso é vida. E tudo que ando querendo é viver muito, para que possa ter novas experiências e algum dia quem sabe poder ensinar alguma coisa.
Eu quero andar descalça nas praias da Grécia.
Quero ser poliglota pra falar com quem eu tenho vontade, onde quer que eu esteja.
Quero morar no litoral, porque sou um ser humano que faz fotossíntese.
Quero o direito de ir e vir, para poder visitar aqueles que eu amo, onde e quando eu quiser.
Quero liberdade completa e real de expressão, porque assim foi prometido e é meu direito.
Quero ajudar as pessoas de alguma maneira, maneira esta que eu ainda não descobri qual será.
Quero escrever um livro, ou talvez vários.
Quero saúde exacerbada pra poder viver com autonomia e continuar correndo atrás dos meus sonhos.
Eu sigo compartilhando com você parte da minha jornada de auto conhecimento, eu estou compartilhando com você os meus sonhos, quando escrevo compartilho com você minha vida, isso me faz feliz.

...sentada a beira do caminho observo pessoas com medo e vergonha de mudar, observo pessoas sonhando sem trabalhar, observo pessoas que nem ousam sonhar.

Sentada a beira do caminho sonho, trabalho e luto pelos meus momentos de felicidade usando o meu doping predileto...a paixão. Paixão pelo que faço, paixão pelas pessoas que conseguem me encantar, paixão pela idéia de ser quem eu sou, um ser completamente mutante, com avassaladora capacidade adaptativa.

Descobrindo Camões

Transforma-se o amador em cousa amada
Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho, logo, mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está ligada.
Mas esta linda e pura semidéia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim com a alma minha se conforma,
Está no pensamento como idéia;
E o vivo e puro amor de que sou feito,
Como a matéria simples, busca a forma
Luis de Camões

...sentada a beira do caminho sou agraciada com tempo e oportunidades para conhecer coisas novas, refletir e aprender.

Sentada a beira do caminho me entrego a poesia de Camões, onde me encontro e me deleito.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Eu e os Crocco

Morro e não vejo tudo... cresço, aprendo e a cada dia que passa penso que nada sei.
Por conta das minhas idas e vindas pelo mundo convivo hoje com parte da família Crocco. Eles estão me ensinando a viver, e você provavelmente está se perguntando se eu do alto dos meus trinta anos ainda não sei fazer isso... justo questionamento, porém talvez a resposta seja não, eu ainda não sei. Essa família tem me dado aulas de dignidade e nobreza a cada dia que passa. Do mais novo ao mais velho vejo atitudes que de tamanha grandeza me inspiram a sentar e escrever. E eles ainda estão aprendendo assim como eu, porque a vida é um aprendizado constante, porque estou percebendo que quando pensamos que sabemos tudo é que chegamos a um ponto que começamos a aprender alguma coisa.
O tempo passa e os vejo dia a dia cada um aprendendo e ensinando a sua maneira.
ELE pensou que já tinha vivido tudo e alcançado o seu lugar na sociedade, pensou que já tinha finalizado sua busca, fantasiou que a partir de então seu papel era somente contar aos outros suas conquistas mundanas, sua vitórias materiais. Hoje ele está encontrando a si mesmo, em suas caminhadas beira mar medita e cresce, medita e entende, medita e luta, medita e aprende. Quando ele retorna me ensina a ser feliz, me ensina a rir sem vergonha, me ensina a ser dócil, me ensina a ser bela. Ele é um eterno aprendiz, mas é aí que está a beleza da vida, deixar ela te ensinar infinitamente.
ELA é uma águia em plena renovação, tornando-se cada dia mais sábia, cada dia mais forte, reconhecendo o seu papel de guerreira. Hoje suas batalhas são diferentes daquelas em que brigou toda a vida, hoje luta por si mesma e se mostra tão linda porque está encontrando seu caminho e isso ninguém poderia fazer por ela, um determinado caminho que só as adversidades da vida nos propõem. Ela conseguiu me fazer compreender que para se feliz eu preciso de muito pouco, ela me ensina todos os dias em doses homeopáticas a ser mais calma, mais paciente, mais benevolente. É uma rainha e ainda não sabe, mas qualquer dias desses ela vai descobrir.
O outro é um DUENDE, tem poderes mágicos de encantar pessoas, entretanto, ainda sabe muito pouco do que está por vir, mas ele quer aprender, quer sair da sua terra de ninguém e se aventurar, quer ver o mundo de perto, quer dar a cara pra bater, com certeza ele tem medo, mas está disposto a vivenciar o que a vida quer oferecer. Ele me motiva a continuar com os meus devaneios de ser completamente livre, ele me faz pensar que eu sou uma fada, que eu posso realizar desejos, ele me permite pensar que eu sou louca e não há nada de mau nisso, ele me faz acreditar que posso viver como eu quiser, me faz acreditar que tenho coragem pra lutar contra uma sociedade inteira pra ser quem eu sou. Ele é hoje um duende e um dia vai ser um mago que ajuda pessoas a encontrarem seus caminhos.
E eu no meio disso tudo? Eu aprendo, eu me emociono, eu realizo, eu caminho, eu esqueço, eu choro, eu brinco, eu sofro, eu bebo, eu vivo.
Me encantam as possibilidades com as quais a vida me presenteia, como novas situações, novas famílias, novos amigos, novos mestres, novos anjos.
Eu estou apaixonada pelo lugar onde estou vivendo, mas estou mais apaixonada ainda pelas pessoas que compartilham esses momentos comigo, porque eles não me conhecem, não sabem de onde eu vim e me aceitam, e me ensinam, e ajudam a driblar os momentos de solidão, e festejam comigo quando estou feliz, e fazem a minha vida se tornar válida.

...sentada a beira do caminho observo os Crocco em sua mais bela forma de família, juntos, mas cada um preservando seu mundo, preservando sua identidade, aprendendo e ensinando, rindo e chorando e gozando da alegria de viver.

Sentada a beira do caminho escrevo hoje ao som de Paz do meu amor, na voz de Seu Osvaldo Crocco...uma música muito antiga, mas até então desconhecida aos meus ouvidos que me tocou profundamente numa reunião familiar.